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07 dezembro 2016

gabriel ferrater / dedos




     Ligeira, principiava
a chuva de uma noite.
Ligeiros, confiavam-se
teus dedos em meus dedos.
     Breve instante de adeus,
oh, por dois dias só.
Sorrias-me através
do pranto que chovia
     em teu casaco de couro.
Tremor dos bruscos túneis
por onde te perco: confuso coração,
despedaço esta noite
     o molho de lembranças
que tenho nos dedos. Vazios dois dias,
premiram a sombra do toque
dos teus dedos, quando eu te perdia.


gabriel ferrater
a rosa do mundo 2001 poemas para o futuro
tradução de josé bento
assírio & alvim
2001